Economia – Como Funciona?
Revisto em: 18.01.2010
"Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro" (Mt 6,24).
Este é o lema da Campanha da Fraternidade
A CF - 2010 abordará o tema: "Economia e Vida"
A CF de 2010, de caráter ecumênico, está sob a responsabilidade do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil - CONIC - e tem como objetivo: promover uma ECONOMIA A SERVIÇO DA VIDA, SEM EXCLUSÕES E CRIANDO UMA CULTURA DE SOLIDARIEDADE E PAZ.
As causas da injustiça e da violência são muitas.
Uma sociedade e particularmente a economia de um país, que permite a acumulação desmedida de riquezas e bens, que justifica a competição exacerbada a qualquer custo, que fecha os olhos para a ganância desenfreada, e que até se orgulha, elogia e incentiva o incontrolável desejo de crescer sempre e mais, está na verdade fazendo nascer e crescer uma grande injustiça.
De fato, uma economia a serviço da vida não provoca exclusões e ajuda a criar uma cultura de solidariedade e paz. No entanto para ela se realizar com plenitude é necessário supor algumas condições: uma busca incansável pela JUSTIÇA verdadeira, por uma real igualdade de direitos e de deveres entre os cidadãos e por uma prática indispensável da solidariedade, ágape, o amor.
Ao contrário, contribuindo ferozmente para a situação inversa, a da INJUSTIÇA, aparece o outro lado da moeda, a má distribuição dos bens e das riquezas produzidas. É impossível existir paz onde a injustiça é soberana.
Certa vez em uma palestra tive de responder a uma pergunta aparentemente simples: “por que existem pobres?” Respondi: “porque existem ricos”. Exagero? Nem tanto. Façamos um raciocínio. Consideremos que em dado momento, o montante de todos os bens e riquezas de um país, somados, represente um único e definido valor e que hipoteticamente não possa ser modificado. Portanto, se naquele momento estabelecido um grupo da sociedade já possuir uma grande parcela daquele total, no caso do Brasil este grupo é relativamente pequeno em número, perceberemos que o outro grupo, a maioria, obrigatoriamente, terá que possuir um valor menor do mesmo total. Para que o segundo grupo possua mais daquela riqueza é imperioso que o primeiro grupo ceda parte do seu quinhão. Do mesmo modo, para que o primeiro grupo possua cada vez mais só há um caminho: é que o segundo grupo, que já possui pouco, possua cada vez menos. E assim poderemos seguir indefinidamente.
À primeira vista isto pode ser tido como uma visão um tanto romântica. Mas a verdade, grosso modo, é simples assim mesmo.
Meditando um pouco mais profundamente podemos afirmar que a economia e em última análise os seus controladores, numa sociedade como a nossa, são os principais responsáveis pelo estabelecimento das várias classes sociais e conseqüentemente pelo desenho da pirâmide social, em degraus, onde as pessoas são classificadas conforme seus rendimentos e o seu poder de compra, portanto diferentes.
Sem discutir méritos ou deméritos pessoais, capacidade individual, esforço etc. que não é o objetivo imediato desta coluna uma vez que procuramos elaborar aqui apenas uma análise estrutural, a camada mais privilegiada da população, os mais abastados, são na verdade os detentores do poder econômico. Ao contrário, os mais pobres detêm quase nada desse poder. E tem sido assim desde há muito tempo.
Será possível superar a violência e a injustiça geradas pela ECONOMIA?
Para compreendermos melhor este tema convém que antes respondamos, entre outras possíveis, algumas perguntas:
- Quem é quem na sociedade?
- Como acontece a relação de forças, ou de poder, entre os cidadãos, grupos ou classes?
- Quem detém o maior poder de decisão ou influência?
- Quem usufrui os maiores benefícios proporcionados pela economia?
- Quem são os mais prejudicados?
- Quais aqueles que obtêm menos vantagens?
- Quem possui mais ou menos voz ativa na sociedade?
Ao respondermos a cada uma destas questões vamos descobrindo: os que têm maior poder econômico acabam quase sempre por determinar as principais REGRAS DE FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE, inclusive as DA POLÍTICA. É sabido que os seus representantes, seus porta-vozes, defendem ferrenhamente todos os seus interesses.
Lembremos aqui a pergunta-tema, atualíssima ainda, pronunciada há tempos atrás no Fórum Social Mundial realizado em Porto Alegre – RS, ao mesmo tempo um desafio e uma utopia:
“é possível construir ou elaborar alternativas de economia em um mundo onde predominam, praticamente há dois séculos, as formas sempre renovadas do capitalismo?”
Para alguns economistas a resposta é positiva, embora algumas das respostas estejam em permanente debate.
Fazemos parte dos que acreditam ser possível criar
NOVAS FORMAS de viver e praticar a ECONOMIA e a POLÍTICA.
Voltaremos em breve ao assunto.
Fernando Santiago
colunista
Novas Formas Editorial
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
SUPERAR A VIOLÊNCIA I
Introdução
Revisto em: 06.01.2010
“onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão!”
Diante da violência provocada por assaltos, seqüestros, extermínios, violência doméstica, violência contra a mulher, contra as crianças, contra os idosos, a grita por “segurança” tem sido amplificada diariamente pela mídia, autoridades e formadores de opinião. Também é exigida, compreensivelmente, pelas vítimas sobreviventes, pelos parentes e amigos das vítimas e tantos outros.
A repressão usada pelas forças policiais muitas vezes gera conflitos e insegurança na população e é, na verdade, apenas um paliativo, necessário às vezes devido ao ponto que chegamos, mas paliativo, para se conter a violência e uma duvidosa maneira de se alcançar a paz.
Há muito tempo, uma velha máxima tem sido pregada por velhos políticos: lugar de “bandido” é na cadeia! Precisamos de mais polícia nas ruas!
São frases de efeito, sem dúvida com o objetivo claro de fazer “marketing”. Podem até trazer algum resultado, mas como solução para problemas tão sérios não podem ser consideradas completas nem definitivas.
As causas da violência são muitas: pessoais, psicológicas, culturais, desejo de vingança e outras, mas são também estruturais: miséria, pobreza, má distribuição de renda e desemprego.
O Projeto da Década para Superar a Violência (2001-2010), proposto pelo CMI – Conselho Mundial de Igrejas com sede em Genebra propôs estabelecer uma ampla discussão junto às sociedades, povos e culturas, para permitir que se encontre soluções e ou possíveis saídas, caminhos para superar a violência em todo o planeta.
Por ocasião do lançamento da Campanha pela Década no Brasil, D. Jayme Henrique Chemello, na época, Presidente da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, afirmou:
“... Para além da segurança é preciso criar no país condições para a paz. A paz é obra da justiça e da solidariedade...”
A Justiça Plena, Projeto de Deus, se concretiza na Partilha e na Fraternidade e traz dentro de si a prática da solidariedade e como conseqüência a Verdadeira Paz. Para isto, há condições indispensáveis, como a distribuição igualitária dos bens e a participação democrática, igualitária e transparente do povo nas decisões que regem a vida de cada um e de todos.
Para que a Justiça cresça, floresça e se frutifique em Paz é vital abraçar e defender a causa dos indefesos, dos discriminados e dos que sofrem todo tipo de preconceito e injustiça, para que todos tenham resgatada a sua dignidade. O Ser Humano busca incessantemente o bem-estar e a felicidade.
A OMS – Organização Mundial da Saúde conceitua: “Saúde é o completo bem-estar, físico, mental e social da pessoa humana”
Antecipando este conceito os nossos antepassados costumavam repetir um ditado de grande sabedoria:
“onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão!”
O pão, neste provérbio, sem dúvida significa comida mesmo, a mais elementar das necessidades dos seres vivos.
Ao mesmo tempo, sob o ponto de vista sociológico, este dito ganha um sentido metafórico, muito mais abrangente. Este sentido figurativo alcança níveis surpreendentes, considerando-se as tantas necessidades humanas: saúde, alimentação, moradia, trabalho, lazer, realização pessoal, familiar e social, conhecimento, educação, desenvolvimento intelectual, cultural, artístico, dignidade, etc...
A briga e a razão citadas nele podem ser entendidas como as muitas reações que envolvem o ser humano.
Não podemos pensar em resolver a violência com a própria violência, pois ela é autofágica. Não havendo perdão, a violência sempre alimenta e aumenta o ódio. Por sua vez o ódio conduz à vingança e por conseqüência, quem a praticou acaba sofrendo de volta e novamente, o revés e a destruição e assim continuaria indefinidamente.
Finalmente é preciso transformar em realidade as propostas de Jesus Cristo, Vontade do Pai, de que sejam atendidas as necessidades das pessoas, especialmente as dos pequeninos.
Fernando Santiago
colunista
Novas Formas Editorial
Revisto em: 06.01.2010
“onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão!”
Diante da violência provocada por assaltos, seqüestros, extermínios, violência doméstica, violência contra a mulher, contra as crianças, contra os idosos, a grita por “segurança” tem sido amplificada diariamente pela mídia, autoridades e formadores de opinião. Também é exigida, compreensivelmente, pelas vítimas sobreviventes, pelos parentes e amigos das vítimas e tantos outros.
A repressão usada pelas forças policiais muitas vezes gera conflitos e insegurança na população e é, na verdade, apenas um paliativo, necessário às vezes devido ao ponto que chegamos, mas paliativo, para se conter a violência e uma duvidosa maneira de se alcançar a paz.
Há muito tempo, uma velha máxima tem sido pregada por velhos políticos: lugar de “bandido” é na cadeia! Precisamos de mais polícia nas ruas!
São frases de efeito, sem dúvida com o objetivo claro de fazer “marketing”. Podem até trazer algum resultado, mas como solução para problemas tão sérios não podem ser consideradas completas nem definitivas.
As causas da violência são muitas: pessoais, psicológicas, culturais, desejo de vingança e outras, mas são também estruturais: miséria, pobreza, má distribuição de renda e desemprego.
O Projeto da Década para Superar a Violência (2001-2010), proposto pelo CMI – Conselho Mundial de Igrejas com sede em Genebra propôs estabelecer uma ampla discussão junto às sociedades, povos e culturas, para permitir que se encontre soluções e ou possíveis saídas, caminhos para superar a violência em todo o planeta.
Por ocasião do lançamento da Campanha pela Década no Brasil, D. Jayme Henrique Chemello, na época, Presidente da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, afirmou:
“... Para além da segurança é preciso criar no país condições para a paz. A paz é obra da justiça e da solidariedade...”
A Justiça Plena, Projeto de Deus, se concretiza na Partilha e na Fraternidade e traz dentro de si a prática da solidariedade e como conseqüência a Verdadeira Paz. Para isto, há condições indispensáveis, como a distribuição igualitária dos bens e a participação democrática, igualitária e transparente do povo nas decisões que regem a vida de cada um e de todos.
Para que a Justiça cresça, floresça e se frutifique em Paz é vital abraçar e defender a causa dos indefesos, dos discriminados e dos que sofrem todo tipo de preconceito e injustiça, para que todos tenham resgatada a sua dignidade. O Ser Humano busca incessantemente o bem-estar e a felicidade.
A OMS – Organização Mundial da Saúde conceitua: “Saúde é o completo bem-estar, físico, mental e social da pessoa humana”
Antecipando este conceito os nossos antepassados costumavam repetir um ditado de grande sabedoria:
“onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão!”
O pão, neste provérbio, sem dúvida significa comida mesmo, a mais elementar das necessidades dos seres vivos.
Ao mesmo tempo, sob o ponto de vista sociológico, este dito ganha um sentido metafórico, muito mais abrangente. Este sentido figurativo alcança níveis surpreendentes, considerando-se as tantas necessidades humanas: saúde, alimentação, moradia, trabalho, lazer, realização pessoal, familiar e social, conhecimento, educação, desenvolvimento intelectual, cultural, artístico, dignidade, etc...
A briga e a razão citadas nele podem ser entendidas como as muitas reações que envolvem o ser humano.
Não podemos pensar em resolver a violência com a própria violência, pois ela é autofágica. Não havendo perdão, a violência sempre alimenta e aumenta o ódio. Por sua vez o ódio conduz à vingança e por conseqüência, quem a praticou acaba sofrendo de volta e novamente, o revés e a destruição e assim continuaria indefinidamente.
Finalmente é preciso transformar em realidade as propostas de Jesus Cristo, Vontade do Pai, de que sejam atendidas as necessidades das pessoas, especialmente as dos pequeninos.
Fernando Santiago
colunista
Novas Formas Editorial
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