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Fernando R. Santiago
colunista do Blog Novas Formas Editorial

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

SUPERAR A VIOLÊNCIA II

Economia – Como Funciona?

Revisto em: 18.01.2010

"Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro" (Mt 6,24).

Este é o lema da Campanha da Fraternidade

A CF - 2010 abordará o tema: "Economia e Vida"

A CF de 2010, de caráter ecumênico, está sob a responsabilidade do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil - CONIC - e tem como objetivo: promover uma ECONOMIA A SERVIÇO DA VIDA, SEM EXCLUSÕES E CRIANDO UMA CULTURA DE SOLIDARIEDADE E PAZ.

As causas da injustiça e da violência são muitas.

Uma sociedade e particularmente a economia de um país, que permite a acumulação desmedida de riquezas e bens, que justifica a competição exacerbada a qualquer custo, que fecha os olhos para a ganância desenfreada, e que até se orgulha, elogia e incentiva o incontrolável desejo de crescer sempre e mais, está na verdade fazendo nascer e crescer uma grande injustiça.

De fato, uma economia a serviço da vida não provoca exclusões e ajuda a criar uma cultura de solidariedade e paz. No entanto para ela se realizar com plenitude é necessário supor algumas condições: uma busca incansável pela JUSTIÇA verdadeira, por uma real igualdade de direitos e de deveres entre os cidadãos e por uma prática indispensável da solidariedade, ágape, o amor.

Ao contrário, contribuindo ferozmente para a situação inversa, a da INJUSTIÇA, aparece o outro lado da moeda, a má distribuição dos bens e das riquezas produzidas. É impossível existir paz onde a injustiça é soberana.

Certa vez em uma palestra tive de responder a uma pergunta aparentemente simples: “por que existem pobres?” Respondi: “porque existem ricos”. Exagero? Nem tanto. Façamos um raciocínio. Consideremos que em dado momento, o montante de todos os bens e riquezas de um país, somados, represente um único e definido valor e que hipoteticamente não possa ser modificado. Portanto, se naquele momento estabelecido um grupo da sociedade já possuir uma grande parcela daquele total, no caso do Brasil este grupo é relativamente pequeno em número, perceberemos que o outro grupo, a maioria, obrigatoriamente, terá que possuir um valor menor do mesmo total. Para que o segundo grupo possua mais daquela riqueza é imperioso que o primeiro grupo ceda parte do seu quinhão. Do mesmo modo, para que o primeiro grupo possua cada vez mais só há um caminho: é que o segundo grupo, que já possui pouco, possua cada vez menos. E assim poderemos seguir indefinidamente.

À primeira vista isto pode ser tido como uma visão um tanto romântica. Mas a verdade, grosso modo, é simples assim mesmo.

Meditando um pouco mais profundamente podemos afirmar que a economia e em última análise os seus controladores, numa sociedade como a nossa, são os principais responsáveis pelo estabelecimento das várias classes sociais e conseqüentemente pelo desenho da pirâmide social, em degraus, onde as pessoas são classificadas conforme seus rendimentos e o seu poder de compra, portanto diferentes.
Sem discutir méritos ou deméritos pessoais, capacidade individual, esforço etc. que não é o objetivo imediato desta coluna uma vez que procuramos elaborar aqui apenas uma análise estrutural, a camada mais privilegiada da população, os mais abastados, são na verdade os detentores do poder econômico. Ao contrário, os mais pobres detêm quase nada desse poder. E tem sido assim desde há muito tempo.

Será possível superar a violência e a injustiça geradas pela ECONOMIA?

Para compreendermos melhor este tema convém que antes respondamos, entre outras possíveis, algumas perguntas:
- Quem é quem na sociedade?
- Como acontece a relação de forças, ou de poder, entre os cidadãos, grupos ou classes?
- Quem detém o maior poder de decisão ou influência?
- Quem usufrui os maiores benefícios proporcionados pela economia?
- Quem são os mais prejudicados?
- Quais aqueles que obtêm menos vantagens?
- Quem possui mais ou menos voz ativa na sociedade?

Ao respondermos a cada uma destas questões vamos descobrindo: os que têm maior poder econômico acabam quase sempre por determinar as principais REGRAS DE FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE, inclusive as DA POLÍTICA. É sabido que os seus representantes, seus porta-vozes, defendem ferrenhamente todos os seus interesses.

Lembremos aqui a pergunta-tema, atualíssima ainda, pronunciada há tempos atrás no Fórum Social Mundial realizado em Porto Alegre – RS, ao mesmo tempo um desafio e uma utopia:

“é possível construir ou elaborar alternativas de economia em um mundo onde predominam, praticamente há dois séculos, as formas sempre renovadas do capitalismo?”

Para alguns economistas a resposta é positiva, embora algumas das respostas estejam em permanente debate.

Fazemos parte dos que acreditam ser possível criar
NOVAS FORMAS de viver e praticar a ECONOMIA e a POLÍTICA.

Voltaremos em breve ao assunto.

Fernando Santiago
colunista
Novas Formas Editorial

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

SUPERAR A VIOLÊNCIA I

Introdução

Revisto em: 06.01.2010
“onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão!”

Diante da violência provocada por assaltos, seqüestros, extermínios, violência doméstica, violência contra a mulher, contra as crianças, contra os idosos, a grita por “segurança” tem sido amplificada diariamente pela mídia, autoridades e formadores de opinião. Também é exigida, compreensivelmente, pelas vítimas sobreviventes, pelos parentes e amigos das vítimas e tantos outros.
A repressão usada pelas forças policiais muitas vezes gera conflitos e insegurança na população e é, na verdade, apenas um paliativo, necessário às vezes devido ao ponto que chegamos, mas paliativo, para se conter a violência e uma duvidosa maneira de se alcançar a paz.
Há muito tempo, uma velha máxima tem sido pregada por velhos políticos: lugar de “bandido” é na cadeia! Precisamos de mais polícia nas ruas!
São frases de efeito, sem dúvida com o objetivo claro de fazer “marketing”. Podem até trazer algum resultado, mas como solução para problemas tão sérios não podem ser consideradas completas nem definitivas.
As causas da violência são muitas: pessoais, psicológicas, culturais, desejo de vingança e outras, mas são também estruturais: miséria, pobreza, má distribuição de renda e desemprego.
O Projeto da Década para Superar a Violência (2001-2010), proposto pelo CMI – Conselho Mundial de Igrejas com sede em Genebra propôs estabelecer uma ampla discussão junto às sociedades, povos e culturas, para permitir que se encontre soluções e ou possíveis saídas, caminhos para superar a violência em todo o planeta.
Por ocasião do lançamento da Campanha pela Década no Brasil, D. Jayme Henrique Chemello, na época, Presidente da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, afirmou:
“... Para além da segurança é preciso criar no país condições para a paz. A paz é obra da justiça e da solidariedade...”
A Justiça Plena, Projeto de Deus, se concretiza na Partilha e na Fraternidade e traz dentro de si a prática da solidariedade e como conseqüência a Verdadeira Paz. Para isto, há condições indispensáveis, como a distribuição igualitária dos bens e a participação democrática, igualitária e transparente do povo nas decisões que regem a vida de cada um e de todos.
Para que a Justiça cresça, floresça e se frutifique em Paz é vital abraçar e defender a causa dos indefesos, dos discriminados e dos que sofrem todo tipo de preconceito e injustiça, para que todos tenham resgatada a sua dignidade. O Ser Humano busca incessantemente o bem-estar e a felicidade.
A OMS – Organização Mundial da Saúde conceitua: “Saúde é o completo bem-estar, físico, mental e social da pessoa humana”
Antecipando este conceito os nossos antepassados costumavam repetir um ditado de grande sabedoria:
“onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão!”
O pão, neste provérbio, sem dúvida significa comida mesmo, a mais elementar das necessidades dos seres vivos.
Ao mesmo tempo, sob o ponto de vista sociológico, este dito ganha um sentido metafórico, muito mais abrangente. Este sentido figurativo alcança níveis surpreendentes, considerando-se as tantas necessidades humanas: saúde, alimentação, moradia, trabalho, lazer, realização pessoal, familiar e social, conhecimento, educação, desenvolvimento intelectual, cultural, artístico, dignidade, etc...
A briga e a razão citadas nele podem ser entendidas como as muitas reações que envolvem o ser humano.
Não podemos pensar em resolver a violência com a própria violência, pois ela é autofágica. Não havendo perdão, a violência sempre alimenta e aumenta o ódio. Por sua vez o ódio conduz à vingança e por conseqüência, quem a praticou acaba sofrendo de volta e novamente, o revés e a destruição e assim continuaria indefinidamente.
Finalmente é preciso transformar em realidade as propostas de Jesus Cristo, Vontade do Pai, de que sejam atendidas as necessidades das pessoas, especialmente as dos pequeninos.

Fernando Santiago
colunista
Novas Formas Editorial